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SEM PENSAR NO BEM ESTAR DO TRABALHADOR, BRASIL PRIVATIZA E DIMINUI O ESTADO

Em seminário que debate o papel das estatais no desenvolvimento mais justo do Brasil, CUT e Perseu Abramo pretendem construir propostas para plataforma da classe trabalhadora para eleições 2018.

“O bem estar na família não depende só dos salários, tem que ter infraestrutura coletiva. Aqui no Brasil é chamado de gasto, no resto do mundo é investimento”. 

A afirmação foi feita pelo professor titular da PUC e economista, Ladislau Dowbor, que participou, nesta quarta-feira (16), do primeiro dia de debates do Seminário "Estado, o serviço público e as empresas estatais no desenvolvimento com equidade", que a CUT e a Fundação Perseu Abramo estão organizando para trabalhadores e trabalhadoras do setor público de todas as regiões do Brasil.

Na primeira conferência “Estado, planejamento e desenvolvimento – o estatal, o público e o privado no Brasil que queremos”, o professor iniciou sua palestra criticando a Emenda Constitucional 95, que limita investimentos em políticas públicas básicas, como saúde e educação.  Segundo o professor, não tem como a economia do país melhorar de fato com uma medida como o teto de gastos, proposta pelo ilegítimo Michel Temer e aprovada pelo Congresso nacional.  

"A economia não é uma atividade em si, é um sistema de engrenagens articuladas. Por isso, a produção material, infraestrutura, serviços de intermediações e políticas sociais têm que funcionar de maneira equilibrada para que o conjunto funcione", explicou Dowbor. 

O professor fez grandes críticas ao governo neoliberal de Temer, de exploração generalizada, da falta de regulação do mercado financeiro, do Estado mínimo que compromete a vida dos mais pobres e do projeto de privatização, com a venda de estatais ao mercado financeiro internacional.

"Além de acabar com recursos para setores estratégicos no desenvolvimento do Brasil, ainda nos deixam dependente de outros Países, comprometendo a soberania nacional", disse Ladislau, que complementou: "Se eu roubo na loja, do grupo privado, é roubo e se tiro do público é privatização".

Segundo o professor Dowbor, a CUT está no caminho certo com a organização dos trabalhadores em defesa dos direitos e da democracia com debates e ações de fortalecimento das estatais e do Estado.

"As coisas só começam a dar certo quando as pessoas se organizam em torno dos seus interesses, num aprofundamento da democracia", destacou.

Organização da CUT para eleição e organização dos trabalhadores 

O seminário, que tem como objetivo debates propostas a serem incluídas na plataforma das eleições 2018 da CUT, continua nesta quinta-feira (17), com duas conferências. O tema da primeira, que tem início às 9h, é “Educação pública e de qualidade – Os desafios da formação e qualificação no Brasil”, com palestra da professora dra. Selma Rocha, Membro do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo, e será coordenada pelo presidente da CSI, João Felício.

O Tema da segunda mesa, que começa às 11h, é “Privatização e Terceirização nas Empresas Estatais - Impactos para o desenvolvimento e a soberania nacional”. Os palestrantes serão Denise Mota Dau, da Internacional de Serviços Públicos – Brasil; e Edson Aparecido da Silva, Coordenador do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA), que aconteceu em 2018 no Brasil.

Para o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, é muito importante a unidade na ação, porque lutar em defesa das estatais não é responsabilidade somente dos servidores ou dos trabalhadores das empresas estatais, é uma luta de todos nós. 

"Os recursos das empresas estatais, como a Petrobras, por exemplo, seriam destinados para saúde e educação do povo brasileiro. O mesmo acontece com os bancos públicos, fundamentais para o desenvolvimento que precisamos, porque os privados não querem emprestar dinheiro para pobre", explicou Nobre, que finalizou: "libertar o presidente Lula é nossa esperança para recuperar os direitos e derrotar o golpe". 

A secretaria-Geral adjunta da CUT, Maria Faria, disse que esse debate "que Brasil queremos" é importante e estratégico para a plataforma da classe trabalhadora que a central está produzindo, a partir das discussões dos estados e da importância dos serviços públicos. 

"Vamos conversar com os candidatos e com a sociedade sobre o que estão fazendo com a saúde, educação, água, com os direitos e o desemprego, que é muito sério. Precisamos debater melhor e contribuir para esclarecer junto a sociedade e cumprir nosso papel de cidadão e cidadã brasileira, explicou Maria.

O secretário de comunicação da CUT, Roni Barbosa, alertou sobre o avanço da entrega da Eletrobrás e da Petrobras para o mercado financeiro e disse que internamente estão implodindo a empresa de petróleo brasileira . 

"Querem vender quatro refinarias do Sul e do Nordeste  com todos os dutos da Petrobras, assim as importadoras terão acesso para trazer produto importado e passando a utilizar a estrutura do Brasil para vender seu combustível no preço que eles quiserem", contou.

"O Brasil inteiro é contra a privatização e já comprovamos isso na pesquisa CUT/vox. Nosso desafio é mostrar para o povo a destruição das estatais e tenho certeza que com a unidade da classe trabalhadora a gente consegue unir o povo contra a entrega dos nossos patrimônios", finalizou. 

A secretaria de Relações do Trabalho, Graça Costa, que também é servidora pública federal, destacou que o ataque ao setor público é frontal e isso impacta diretamente as políticas públicas e o desenvolvimento do País.

"Está tramitando uma medida provisória para privatização da Eletrobrás e o parlamento já está autorizado para os estudos para privatizar. Além do avanço da privatização dos bancos públicos e do fechamento de 500 agências dos Correios", contou Graça, que disse: "a luta é de todos nós e juntos temos que enfrentar os retrocessos e continuar na defesa dos direitos da classe trabalhadora". 

Para o diretor da CUT, Ismael José Cesar, as coisas estão se desintegrando e quem sofre são as pessoas mais pobres que precisam de serviços públicos. 

"Não tem como defender os serviços públicos, se não defender a democracia e lula presidente. O povo terá que ser chamado para decidir se quer continuar com a reforma Trabalhista, a terceirização e a EC 95 e só o Lula prometeu revogar todas essas medidas com o apoio da população". 

O diretor executivo, Eduardo Guterra, disse que já vivemos momentos parecidos com esse estado de exceção e que a vitória vira. 

"Para gente resgatar todos os direitos e as políticas públicas responsáveis para o desenvolvimento do Brasil, com igualdade e respeito, precisaremos de unidade da classe trabalhadora, de organização e Lula presidente".  

Apoio da Fundação Perseu Abramo

Esse seminário é o primeiro de uma série de quatro0 debates que a CUT e a Perseu Abramo farão com os ramos da CUT para debater a conjuntura e construir propostas concretas para eleição de 2018. 

Segundo o presidente da Perseu Abramo, Artur Henrique, é fundamental ouvir os trabalhadores e trabalhadoras para enfrentar a situação que o Brasil e o mundo passa com ataques aos pilares do estado democrático de direitos, a democracia e a soberania. 

"Estamos assistindo o forte ataque a democracia no mundo e tudo tem impacto na vida do trabalhador. Junto com a classe trabalhadora, a Perseu Abramo irá lutar em defesa de uma sociedade mais justa e igualitária para todos e todas", contou Artur Henrique. 

"A CUT historicamente constrói a plataforma da classe trabalhadora para os candidatos e esse ano não seria diferente. A contribuição coletiva enriquece ainda mais a plataforma", contou Artur, que alertou: "Não vale apenas para disputar a presidência, precisamos pensar também que deputados, governos e senadores queremos e elegeremos".

 

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